segunda-feira, 7 de junho de 2010

Melhores textos: Uma mensagem para Garcia

Elbert Hubbard

Introdução

O celebrado escritor OGMandino, autor do best-seller mun-dial O maior vendedor do mundo, em 1982 organizou e publicou pela Bantam Books, Inc, (no Brasil a obra foi publicada pela Record) um livro de fundamental importância para a literatura motivacional e de negócios, intitulado A universidade do sucesso.

Nessa obra, mais de cinquenta das maiores autoridades internacionais da arte do sucesso revelam os segredos para atingir o êxito. Entre os textos apresentados, destaca-se o clássico da literatura motivacional: "Uma mensagem para Garcia" de Elbert Hubbard.

Neste nosso O sucesso absoluto não poderia deixar de constar a aclamada narrativa de Hubbard.

A história contada por OG Mandino é a seguinte:

"Esta lição é uma das duas jóias respeitáveis da literatura do tipo ajude a si mesmo que você vai encontrar neste primeiro semestre de doutorado. Não importa qual seja sua profissão ou ocupação, você está certo de realizá-la melhor amanhã, só pelo fato de a ter lido.

Para louvar um ato de heroísmo pouco conhecido na Guerra Hispano-Americana, Elbert Hubbard, em 1899, escreveu um pequeno e sugestivo artigo, intitulado "Uma mensagem para Garcia", e publicou-o em sua revista, The Philistine. Essa edição foi totalmente vendida em poucos dias e logo as impressoras do estabelecimento de Hubbard rodavam noite e dia, a fim de atenderem a todos os pedidos dessa obra. A ferrovia New York Central fez um pedido de mais de um milhão de exemplares para promover a segurança de seus trens e logo cada membro do Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos recebia um exemplar, bem como cada escoteiro do país.

Mais tarde, "Uma mensagem para Garcia" foi traduzida para o russo e foram distribuídos exemplares para todos os ferroviários daquela nação. Durante o conflito russo-japonês, os japoneses foram incapazes de compreender o significado das edições encontradas com os inúmeros prisioneiros russos, mas depois ela foi traduzida para o japonês e levada ao conhecimento do micado que, imediatamente, designou que fossem fornecidos exemplares a todos os membros do seu Exército Imperial e a todos os funcionários do governo.

Traduzida finalmente para 20 idiomas, é provável que as palavras sugestivas de Hubbard tenham sido lidas por mais indivíduos que qualquer outro artigo histórico.

"Uma mensagem para Garcia" ensinou valores importantes a uma geração inteira, valores que sempre serão aplicados por aqueles que buscam o verdadeiro sucesso...

Em todo este caso cubano, um homem se destaca no horizonte de minha memória como o planeta Marte no seu periélio. Quando irrompeu a guerra entre a Espanha e os Estados Unidos, o que importava era comunicar-se rapidamente com o chefe dos insurretos, Garcia, que se sabia encontrar-se em alguma fortaleza no interior do sertão cubano, mas sem que se pudesse precisar exatamente onde. Era impossível comunicar-se com ele pelo correio ou pelo telégrafo. No entanto, o presidente tinha que tratar de assegurar-se de sua colaboração, e isto o quanto antes. Que fazer?

Alguém lembrou ao presidente: "Há um homem chamado Rowan; e se alguma pessoa é capaz de encontrar Garcia, há de ser Rowan".

Rowan foi trazido à presença do presidente, que lhe confiou uma carta com a incumbência de entregá-la a Garcia. De como este homem, Rowan, tomou a carta, meteu-a num invólucro impermeável, amarrou-a sobre o peito, e, após quatro dias saltou de um barco sem coberta, alta noite, nas costas de Cuba; de como se embrenhou no sertão, para, depois de três semanas, surgir do outro lado da ilha, tendo atravessado a pé um país hostil e entregando a carta a Garcia — são coisas que não vêm ao caso narrar aqui pormenorizadamente. O ponto que desejo frisar é este: Mac Kinley deu a Rowan uma carta para ser entregue a Garcia; Rowan pegou a carta e nem sequer perguntou: "Onde é que ele está?"

Hosana! Eis aí um homem cujo busto merecia ser fundido em bronze e sua estátua colocada em cada escola do país. Não é de sabedoria livresca que a juventude precisa, nem instrução sobre isto ou aquilo. Precisa, sim, de um endurecimento das vértebras, para poder mostrar-se altiva no exercício de um cargo; para atuar com diligencia, para dar conta do recado; para, em suma, levar uma mensagem a Garcia.

O general Garcia já não é deste mundo, mas há outros Garcias. A nenhum homem que se tenha empenhado em levar avante uma empresa em que a ajuda de muitos se torne precisa têm sido poupados momentos de verdadeiro desespero ante a imbecilidade de grande número de homens, ante a inabilidade ou falta de disposição de concentrar a mente numa determinada coisa e fazê-la.

Assistência irregular, desatenção tola; indiferença irritante, e trabalho malfeito parecem ser a regra geral. Nenhum homem pode ser verdadeiramente bem-sucedido, salvo se lançar mão de todos os meios ao seu alcance, quer da força, quer do suborno, para obrigar outros homens a ajudá-lo, a não ser que Deus Onipotente, na sua grande misericórdia, faça um milagre enviando-lhe como auxiliar um anjo de luz.

Leitor amigo, tu mesmo podes tirar a prova. Estás sentado no teu escritório, rodeado de meia dúzia de empregados. Pois bem, chama um deles e pede-lhe: "Queira ter a bondade de consultar a enciclopédia e de me fazer uma descrição sucinta da vida de Correggio* ". Pintor renascentista italiano (1494-1534).


Será o caso de o empregado dizer calmamente: "Sim, senhor" e executar o que foi pedido? l
Nada disso! Olhará perplexo e de soslaio para fazer uma ou mais das seguintes perguntas:

Quem é ele?
Que enciclopédia?
Onde é que está a enciclopédia?
Fui eu acaso contratado para fazer isso?
Não quer dizer Bismark?
E se Carlos o fizesse?
Já morreu?
Precisa disso com urgência?

Não será melhor que eu traga o livro para que o senhor mesmo procure o que quer?

Para que quer saber isso?

E aposto dez contra um que, depois de haveres respondido a tais perguntas, e explicado a maneira de procurar os dados pedidos e a razão por que deles precisas, teu empregado irá pedir a um companheiro que o ajude a encontrar Garcia, e depois voltará para te dizer que tal homem não existe. Evidentemente, pode ser que eu perca a aposta; mas, segundo a lei das médias, jogo na certa. Ora, se fores prudente, não te darás ao trabalho de explicar ao teu "ajudante" que Correggio se escreve com "C" e não com "K", mas limitar-te-ás a dizer meigamente, esboçando o melhor sorriso: "Não faz mal; não se incomode" e, dito isto, levantar-te-ás e procurarás tu mesmo. E esta incapacidade de atuar independentemente, este inépcia moral, esta invalidez da vontade, este atrofia de disposição de solicitamente se pôr em campo e agir — são as coisas que recuam para um futuro não remoto o advento do socialismo puro. Se os homens não tomam a iniciativa de agir em seu próprio proveito, que farão quando o resultado do seu esforço redundar em benefício de todos? Por enquanto parece que os homens ainda precisam ser feitorados. O que mantém muitos empregados no seu posto e os faz trabalhar é o medo de, se não o fizerem, perderem o emprego no final do mês. Se você anunciar que precisa de uni taquígrafo nove entre dez candidatos à vaga não saberão pontuação, nem muito menos ortografia — e, o que é mais, acham que não é preciso saber.

Poderá uma pessoa destas escrever uma carta a Garcia?

"Vê aquele guarda-livros", dizia-me o chefe de uma grande fábrica.

“Sim, que tem?”

"É um excelente guarda-livros. Todavia, se eu o mandasse levar um recado, talvez se desobrigasse da tarefa a contento, mas também podia muito bem ser que no caminho entrasse em duas ou três casas de bebidas, e que, quando chegasse ao seu destino, já não se recordasse da tarefa que lhe fora solicitada."

Será possível confiar a um tal homem uma carta para que seja entregue a Garcia?

Ultimamente temos ouvido muitas expressões sentimentais externando simpatia para com os pobres que trabalham de sol a sol, para com os infelizes desempregados em busca do trabalho honesto, e tudo isto, quase sempre, entremeado de muita palavra dura para com os homens que estão no poder.

Nada se diz do patrão que envelhece antes do tempo, num baldado esforço para induzir eternos desgostosos e descontentes a trabalhar conscienciosamente; nada se diz de sua longa e paciente procura de pessoal, que no entanto muitas vezes nada mais faz do que "enrolar o tempo todo", assim que ele dá as costas. Não há empresa que não esteja despedindo pessoal que se mostra incapaz de zelar por seus interesses, a fim de substituí-lo por outro mais capaz. Este processo de seleçao por eliminação está operando-se incessantemente, em tempos adversos, com a única diferença de que, quando os tempos são maus e o trabalho escasseia, a seleçao

se faz meticulosamente, pondo-se fora, para sempre, os inoperantes e os inábeis. E a lei da sobrevivência do mais apto. Cada patrão, no seu próprio interesse, trata somente de guardar os melhores — aqueles que podem levar uma mensagem a Garcia.

Eu conheço um homem de aptidões realmente brilhantes, mas sem a fibra necessária para gerir um negócio próprio e que ademais se torna completamente inútil para qualquer outra pessoa, devido à suspeita insana que constantemente abriga de que seu patrão o esteja oprimindo ou tencione oprimi-lo. Sem poder mandar, não tolera que alguém mande nele. Se lhe fosse confiada uma mensagem a Garcia, responderia provavelmente: "Leve-a você mesmo".

Hoje este homem vagueia pelas ruas em busca de trabalho, em estado de quase miséria. No entanto, ninguém que o conheça se aventura a dar-lhe trabalho porque é a personificação do descontentamento e do espírito de réplica. Re-fratário a qualquer conselho ou admoestação, a única coisa capaz de produzir algum efeito nele seria um bom pontapé dado com a ponta de uma bota de número 42, sola grossa e bico largo.

Sei, não resta dúvida, que um indivíduo moralmente aleijado como este não é menos digno de compaixão que um fisicamente aleijado. Entretanto, nesta demonstração de compaixão, vertamos também uma lágrima pêlos homens que se esforçam por levar avante uma grande empresa, cujas horas de trabalho não estão limitadas pelo som do apito e cujos cabelos ficam prematuramente brancos na incessante luta em que estão empenhados contra a indiferença desdenhosa, contra a imbecilidade crassa e a ingratidão atroz, justamente daqueles que, sem o seu espírito empreendedor, andariam famintos e sem lar.

Será o caso de eu ter pintado a situação em cores demasiado carregadas? Pode ser que sim; mas quando todo mundo se apraz em divagações, quero lançar uma palavra de simpatia ao homem que imprime êxito a um empreendimento, ao homem que, a despeito de uma porção de empecilhos, sabe dirigir e coordenar os esforços de outros, e que, após o triunfo, talvez verifique que nada ganhou; nada, salvo a sua mera subsistência.

Também eu carreguei marmitas e trabalhei como jornaleiro, como também tenho sido patrão. Sei, portanto, que alguma coisa se pode dizer de ambos os lados.

Não há excelência na pobreza; farrapos não servem de recomendação. Nem todos os patrões são gananciosos e tiranos, da mesma forma que nem todos os pobres são virtuosos.

Todas as minhas simpatias pertencem ao homem que trabalha conscienciosamente, quer o patrão esteja, quer não. E o homem que, ao lhe ser confiada uma carta para Garcia, tranquilamente toma a missiva, sem fazer perguntas idiotas e sem a intenção oculta de jogá-la na primeira sarjeta que encontrar, ou praticar qualquer outro feito que não seja entregá-la ao destinatário, este homem nunca fica "encostado", nem tem de se declarar em greve para forçar um aumento de ordenado.

A civilização busca ansiosa, insistentemente, homens nestas condições. Tudo o que um tal homem pedir, será concedido. Precisa-se dele em cada cidade, em cada vila, em cada lugarejo, em cada escritório, em cada oficina, em cada loja, fábrica ou venda. O grito do mundo inteiro praticamente se resume nisso: precisa-se, e precisa-se com urgência, de um homem capaz de levar uma mensagem a Garcia.



“DEVEMOS CONSEGUIR A VITÓRIA POR MERECIMENTO E NÃO POR PROTEÇÃO”

Titus Maccius Plautus


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