sábado, 12 de junho de 2010

Melhores dicas de livros: O FUTURO DA ADMINISTRAÇÃO

O FUTURO DA ADMINISTRAÇÃO

Gary Hamel

Editora Campus, 2007


No início do século 20, a principal atividade econômica nos países do hemisfério norte era a industrial. E foi na indústria que surgiram as grandes propostas de inovação em gestão: a administração científica de Taylor, a linha de montagem de Ford, as divisões de negócios de Sloan, as gerências de produtos da P&G, os indicadores de desempenho financeiro da DuPont, o planejamento estratégico da GE. Esses princípios, estabelecidos na primeira metade desse século, se espalharam pelo mundo todo e, de certa forma, continuam a vigorar até hoje, até mesmo por serem os únicos estudados nas escolas de administração. São princípios que dão grande ênfase às questões técnicas da gestão. Nem mesmo a publicação, em 1960, do extraordinário estudo de Douglas McGregor "O Lado Humano da Empresa" mudou esse foco. 

O mundo do século 21 é bem diverso do daquela época. Com os avanços da tecnologia e a importância do conhecimento para gerar inovações, a posse e organização de recursos materiais como fatores chave de sucesso das organizações ficaram bastante minimizadas. Para este novo mundo organizacional são necessários outros modelos de gestão, radicalmente diferentes. É o que Gary Hamel propõe nesta obra. 

 

Hamel define gestão como "a capacidade de mobilizar recursos, traçar planos, programar o trabalho e estimular esforços". E afirma que isto "é fundamental para a realização dos objetivos do ser humano". Como são seres humanos os executivos e trabalhadores em geral de qualquer tipo de organização, assim como os consumidores de todos os bens e serviços, os objetivos das pessoas cada vez mais se interligam com os das empresas, órgãos governamentais e entidades do terceiro setor. E os modelos de gestão baseados exclusivamente no capital se tornam não apenas inadequados, mas danosos para as organizações e para a sociedade. 

 

A proposta contida no livro não é de uma "receita de sucesso". Embora apresente vários exemplos de organizações que já estão criando novos modelos, eles não são tratados como melhores práticas a serem seguidas por outras. Hamel destaca que cada organização deverá criar seu próprio modelo, inspirando-se nos referenciais adotados por quem já está efetivamente operando na realidade do século 21. Mais do que receitas de sucesso, ele apresenta um cardápio de provocações para que cada leitor busque criar novos modelos de gestão. A leitura, ela mesma, é um estímulo intenso para a busca da inovação.

 

Tarcisio Cardieri

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